quarta-feira, 12 de junho de 2019

MONSENHOR LOPES E SUA CONTRIBUIÇÃO COM A FÉ INHUMENSE

O Apóstolo do Sagrado Coração de Jesus.

O surgimento da família Lopes em Inhuma.
Por volta de 1890, oriundos de Simplício Mendes e fugindo da seca, o primeiro Lopes a pisar em terras Inhumenses foi Pedro de Oliveira Lopes, que juntamente com seu amigo comprou uma propriedade na comunidade Forte - a nove quilômetros da zona urbana de Inhuma -,  as terras férteis da região devido ao bom inverno e a existência de brejos que privilegiavam a criação de animais e o plantio em geral, logo encantaram seu Pedro, que por ali decidiu construir sua vida. Ele desenvolveu seu engenho de cana-de-açúcar, principal fonte de renda da família, fazendo gerar emprego e atraindo habitantes para o local. Em visita a propriedade, hoje administrada pelos herdeiros, seus bisnetos, tive a oportunidade de conhecer os sobrinhos de Monsenhor Lopes, o senhores Luís Henrique de Oliveira Lopes e sua irmã Ana Raimunda, que me relataram com orgulho a história de sua família e a importante contribuição que tiveram para com a fé daquela comunidade.

         Seu Luís Henrique, 77 anos, aposentado, conta o quanto Mons. Lopes era dedicado com aquilo que se propunha a fazer, prova disso é a Igreja do Sagrado Coração de Jesus, a primeira Igreja de Inhuma, fundada pelo próprio Mons. em 1900, localizada em frente a propriedade, que por ter sido construída como dinheiro da família também faz parte dos bens pertencentes aos herdeiros.

Ao citar a Igrejinha, seu Luís se emociona: "Temos uma responsabilidade e sentimentalismo muito grande por ela. Não só por ter sido construída por meu tio, mas também porque quatro gerações da minha família estão sepultadas lá dentro, inclusive meu pai e meu irmão." Naquela época, era costume enterrar padres dentro de Igrejas, e por a mesma pertencer a família, os demais familiares de Monsenhor Lopes também foram enterrados lá dentro.
Atualmente, a família reside em Picos, mas estão sempre no Forte, hoje eles continuam com a produção do caju, porém não visando ganho financeiro, apenas para consumo e para "passar o tempo" aproveitando sua terra. Seu Luís relata a preocupação com a próxima geração. Segundo eles os mais jovens não tem interesse pelo local, seu maior receio é que a propriedade onde ele tanto foi feliz seja abandonada ou vendida.

Capela Sagrado Coração de Jesus - Comunidade Forte- Inhuma, Piauí.
(Foto: Reprodução- Arquivo pessoal)



Monsenhor Lopes

Acunhado de "Andarilho da fé", o Monsenhor Joaquim de Oliveira Lopes, filho de Francisco Oliveira Lopes e Izabel Maria de Jesus Oliveira (também enterrados na mesma Igreja que o filho), foi ordenado sacerdote no dia 19 de maio de 1894. Desde muito jovem devoto fiel do Sagrado Coração de Jesus, dedicou-se à pregação do evangelho, constituindo por onde passava os Apostolados da Oração. É o responsável pela construção das Igrejas de Valença, Inhuma, Ipiranga e Picos.
Lutou incansavelmente junto com seus amigos sacerdotes para a implantação da Diocese do Piauí a fim de tornar a Igreja autônoma,e conseguiram. Investindo até mesmo os bens da própria família, ele correu atrás para que a Igreja tivesse o mínimo das exigências canônicas necessárias para a fundação de uma Diocese. Depois de tantos feitos a comunidade católica piauiense, Mons. Lopes ainda hoje é lembrado e digno de homenagens prestadas pelos colegas de vocação que lhe sucedem. 


Construção da Igreja de Inhuma

Após construir a capela do Sagrado Coração de Jesus (zona rural), Mons. Lopes, vendo toda a religiosidade dos inhumenses, que mesmo sem capela, reuniam-se todos os finais de tarde em baixo de um pé de tamarindo para rezar terços, novenas, e esperavam ansiosos a visita de um padre para celebrar a Santa Missa, decidiu construir a Igreja no mesmo lugar, hoje praça João de Deus. Vindo a funcionar por volta do dia 19 de março, dia de São José. Por esse motivo, este santo passou a ser o padroeiro da cidade, até hoje os festejos de São José reúne uma multidão de fiéis Inhumenses, devoção esta que vem sendo passada através das gerações. O movimento mais cultural e antigo da cidade. "Nos juntávamos em torno de umas 20 mulheres, varríamos o terreiro, colocávamos as cadeiras, jarros com flores, a imagem do santo e começávamos a rezar. Depois que construíram a capela,pequenininha mesmo, ficou tudo mais fácil e animado, já que tinha os festejos e vários padres vinham celebrar aqui. E depois só aumentaram cada vez mais a capela que agora é Igreja".  Assim narra dona Seuza, 76 anos, aposentada, nascida e criada em Inhuma, com empolgação e saudade ao relembrar os tempos de sua juventude.

Igreja Matriz de São José
(Foto: Reprodução-Google)









3 comentários: